Estou lendo o livro de Jó agora, e tenho uma confissão a fazer: está sendo uma leitura muito difícil para mim.
Acontece que os ‘amigos’ de Jó realmente me irritam.
Jó chama eles de ‘médicos que não valem nada’, e é isso mesmo que eles são. Depois que Jó experimenta um trauma inimaginável, eles vem até ele e dizem a que isso só está acontecendo porque ele pecou. Tentam corrigir ele, e ordenam que ele se arrependa. Certamente Deus não permitiria que um justo sofresse, eles cochicham entre si.
Frente ao pior sofrimento da vida de Jó e ainda no calor de seu luto, seus amigos respondem com uma arrogância ultrajante e com superioridade moral.
Um amigo de verdade não age desta maneira.
E me deixa triste pensar que um homem esmagado pelo luto, buscando por consolo e apoio de seus amigos, só possa encontrar uma aborrecente condenação por parte deles.
Aqueles ‘amigos’ eram muito críticos e preocupados consigo mesmos para mostrar qualquer empatia real por Jó.
E isso me deixa triste.
Até eu perceber como eu sou frequentemente parecido com aqueles maus amigos.
Quantas vezes eu não pulo pras conclusões antes de conhecer todos os fatos?
Quantas vezes eu não estou tão focado em mim mesmo que falo sem o devido cuidado?
Quantas vezes não sou tão crítico a ponto de carecer de qualquer empatia?
Quantas vezes eu não estou tão convencido de que estou certo que estou disposto a destruir alguém só para ganhar uma discussão?
A resposta dolorosa para estas perguntas é: incontáveis vezes.
Os amigos de Jó me irritam porque ler sobre eles alfineta minha própria consciência. Eu quero sentir desprezo por eles quando, na verdade, sou como eles. As vezes penso que sou melhor do que sou. É examinando minha frustração com outros pecadores que percebo quão pecador eu sou.
Mas, há resgate para os maus amigos, para os conselheiros frustrantes, para os que dão palavras duras, para os orgulhosos e para os de coração severo. Há resgate na transformadora e gloriosamente revolucionária graça de Jesus.
Espero que os amigos de Jó tenham encontrado essa graça.
Hoje eu sei que a encontrei.
Por Jaquelle Ferris. Traduzido por Rilson Guedes. Jaquelle Ferris é autora de Isso muda tudo e apresenta o podcast Age of Minority. Encontre-a no Twitter!