O CEO da IMAX, Rich Gelfond, compartilhou novos e surpreendentes detalhes sobre a aguardada adaptação de “O Sobrinho do Mago” dirigida por Greta Gerwig. Durante o primeiro Investors Day da IMAX realizado em Nova York, Gelfond fez declarações ousadas sobre a direção artística do filme, programado para estrear em novembro de 2026.
“Esta não será a Nárnia da vovó”
A frase de efeito proferida por Gelfond rapidamente se tornou o centro das atenções: “Esta não é a Nárnia da sua mãe ou da sua avó”. O executivo destacou que o filme apresentará uma sonoridade contemporânea e fortemente influenciada pelo rock clássico, citando bandas icônicas como Pink Floyd e The Doors como referências do tom que os fãs podem esperar.
“Este é um verdadeiro blockbuster sendo feito para [IMAX e Netflix] e, bem, acho que preciso falar um pouco sobre por que estou tão empolgado com isso. Esta não é a Nárnia da sua mãe ou da sua avó. A música é incrivelmente contemporânea, o tipo que os fãs da IMAX gostam. Não vou dizer especificamente, mas coisas como Pink Floyd e The Doors. Sabe, aquele tipo de música que as pessoas vão ver em IMAX”, declarou Gelfond.
Mark Ronson e a nova identidade musical
A trilha sonora está sendo composta por Mark Ronson, produtor musical que recentemente trabalhou no fenômeno “Barbie” da própria Gerwig. A escolha reforça uma abordagem que já vinha sendo sinalizada: em 2024, a produtora Amy Pascal fez comentários que na época causaram controvérsia ao descrever o projeto como sendo “todo sobre rock and roll”.
A decisão de incorporar música rock clássica em uma adaptação de Nárnia representa uma ruptura radical com as trilhas sonoras orquestrais e tradicionais das adaptações anteriores da Walden Media, que apresentavam composições épicas no estilo clássico de fantasia.
Uma produção de escala monumental
Gelfond também revelou detalhes impressionantes sobre a escala da produção. O filme está sendo filmado nos Cardington Studios, no maior estúdio de som da Europa, com centenas de pessoas trabalhando simultaneamente em múltiplos cenários e locações.
“O filme está sendo filmado no maior estúdio de som da Europa. Visitei o set onde havia centenas de pessoas e múltiplas telas verdes, e está sendo filmado em várias locações. Vocês vão ver um clipe em um segundo e, se não conseguirem perceber o quão apaixonada a Greta está por isso, então terão que esperar para ver o filme e constatar o quão incrível ele é”, comentou o executivo.
Os participantes presentes no evento assistiram a um breve clipe apresentado pela própria Greta Gerwig, embora o conteúdo não tenha sido divulgado publicamente.
“Vai mudar o mundo”
Em um discurso repleto de confiança — e admitindo que sua equipe precisava “segurá-lo” — Gelfond não economizou no entusiasmo ao descrever o potencial do projeto:
“Então, este é um daqueles casos onde […] minha equipe tem que me segurar. Porque eu acho, como disse antes, que isso realmente vai mudar o mundo. E eu sei que parece muito exagero, mas Greta está fazendo este filme para IMAX, e ela entende completamente que quando as pessoas descobrirem o que este filme é, isso vai criar um evento cultural.”
O executivo reiterou que “O Sobrinho do Mago” estreará exclusivamente em cinemas IMAX, uma decisão que ele creditou diretamente a Gerwig. A janela de lançamento exclusivo de 28 dias apenas em IMAX gerou críticas de estúdios rivais e exibidores devido à relutância da Netflix em adotar modelos tradicionais de distribuição cinematográfica.
Reações e preocupações da comunidade
As declarações de Gelfond já começaram a gerar reações mistas entre os admiradores da obra de C.S. Lewis. Por um lado, há entusiasmo pela promessa de uma abordagem visionária e contemporânea de uma das diretoras mais aclamadas da atualidade. Por outro, existe preocupação legítima sobre se uma trilha sonora rock dos anos 60 e 70 será capaz de capturar a essência atemporal e profundamente espiritual das Crônicas de Nárnia.
C.S. Lewis escreveu “O Sobrinho do Mago” como uma história de criação mítica, explorando temas de pecado original, graça divina e a natureza do bem e do mal. A narrativa apresenta o nascimento de Nárnia através do canto de Aslam — um momento de profunda reverência e maravilha. Como essa visão se conciliará com uma estética rock and roll permanece uma questão em aberto.
Precedentes e comparações
Vale lembrar que a própria Amy Pascal já havia preparado o terreno para essa abordagem. Em entrevista anterior, ela afirmou que o projeto seria “todo sobre rock and roll”, uma declaração que na época foi recebida com ceticismo por parte significativa dos fãs mais tradicionalistas.
A escolha de Mark Ronson para a trilha sonora também levanta questões interessantes. Embora seu trabalho em “Barbie” tenha sido amplamente elogiado e tenha contribuído para o fenômeno cultural que o filme se tornou, “Barbie” é uma propriedade fundamentalmente diferente de Nárnia — uma história infantil moderna e autoconsciente versus uma alegoria cristã clássica com raízes em mitologia europeia.
O desafio de modernizar um clássico
Greta Gerwig provou sua capacidade de reimaginar propriedades clássicas com sensibilidade e relevância contemporânea em “Adoráveis Mulheres” e depois com “Barbie”. No entanto, “O Sobrinho do Mago” representa um desafio único: trata-se de uma obra com profundas camadas teológicas e filosóficas, escrita por um dos mais importantes apologistas cristãos do século XX.
A questão central é se a abordagem “contemporânea” e “rock and roll” conseguirá honrar a profundidade temática da obra original enquanto a torna acessível para uma nova geração. Lewis foi um defensor ardente da “tradução” cultural — de apresentar verdades antigas em linguagem moderna — mas também advertiu contra distorcer a mensagem no processo.
O que esperar
Com estreia prevista para novembro de 2026, “O Sobrinho do Mago” promete ser, no mínimo, uma experiência cinematográfica singular. A combinação de Greta Gerwig, Netflix, IMAX e uma trilha sonora inspirada em rock clássico certamente não é o que os fãs esperavam quando souberam que as Crônicas de Nárnia ganhariam novas adaptações.
Se isso resultará no “evento cultural” que Gelfond prevê ou se alienará os admiradores de longa data da obra de Lewis, só o tempo dirá. O que está claro é que Gerwig e sua equipe não estão interessados em simplesmente refazer o que já foi feito — eles querem criar algo radicalmente novo.
Com informações do NarniaWeb.




