Uma nova pesquisa da Gallup revelou que a percepção da população americana em relação aos pastores atingiu o nível mais baixo. A crise de confiança, impulsionada por escândalos de abuso sexual e uma desconfiança crescente em figuras de autoridade, coloca os líderes religiosos atrás de médicos, professores e policiais no ranking de profissões confiáveis.
Apenas 42% dos cristãos americanos acreditam que pastores e padres possuem padrões “altos” ou “muito altos” de honestidade e ética, um número significativamente menor que os 66% registrados em 1985. A queda se acentuou após 2002, coincidindo com a revelação de escândalos de abuso sexual na Igreja Católica.
Entre a população em geral, a confiança nos líderes cristãos despencou para 37%, posicionando a profissão em oitavo lugar no ranking de confiabilidade. A frente de jornalistas e trabalhadores da construção civil. Profissionais da saúde ocupam o topo da lista de confiabilidade, enquanto membros do Congresso, operadores de telemarketing e vendedores de carros figuram entre os menos confiáveis.
“Esses baixos índices de confiança no clero são resultado de mais investigações sobre abuso sexual infantil por padres católicos nos EUA”, afirmaram pesquisadores da Gallup. Especialistas argumentam que escândalos de abuso sexual, somados à liderança autoritária de algumas figuras religiosas, minam a confiança depositada no clero, especialmente em momentos de fragilidade.
Nem todos são atingidos igualmente
A pesquisa também revela uma divisão entre católicos e protestantes, com apenas 31% dos católicos expressando confiança em líderes religiosos, em contraste com 48% dos protestantes. No entanto, escândalos recentes envolvendo líderes protestantes, como Paige Patterson e Bill Hybels, lançam sombras sobre a conduta ética de ambas vertentes do cristianismo.
Apesar da queda generalizada na confiança, a pesquisa apontou o Papa Francisco como o quarto homem mais admirado pelos americanos e o Dalai Lama em oitavo lugar. Esta é a primeira vez em mais de seis décadas que Billy Graham, falecido em fevereiro de 2018, não figura entre os 10 primeiros da lista, que se limita a pessoas vivas. Ele esteve presente na lista todos os anos desde 1955.
A tendência também atinge outras religiões. O que mostra que a tendência transcende o cristianismo.
“Vivemos em uma era em que a expertise e a autoridade são questionadas em diversas áreas, seja na religião, na política ou na vida acadêmica”, analisa John Fea, professor de história americana no Messiah College. “A descrença da nossa sociedade no clero pode ser parte de uma desconfiança generalizada em figuras de autoridade, característica de certas formas de populismo.”
Com informações da Christianity Today e do Instituto Gallup.