Igrejas brasileiras recebem refugiados ucranianos

A guerra entre Rússia e Ucrânia, iniciada por meio de uma invasão realizada em fevereiro de 2022, já tem números superiores a 40 mil mortes e 14 milhões de deslocados e refugiados. Destes, pelo menos 8 milhões tiveram que sair do país para fugir de situações de guerra, e ainda não voltaram para suas casas, segundo números da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR). E mais da metade deles ainda não estão empregados. A Europa não via um fluxo tão rápido de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial.

“O sofrimento humano e as dificuldades causadas pela guerra estão além da compreensão. Com um terço da população da Ucrânia forçada a deixar sua casa, a situação permanece imprevisível. Devemos continuar respondendo às necessidades das pessoas deslocadas e garantir sua segurança até que possam voltar para casa”, afirmou Pascale Moreau, diretora regional do ACNUR para a Europa.

A ocupação ucraniana também foi acompanhada por prisão de pastores e fechamento de igrejas. Pavel, um evangelista que conseguiu sobreviver à perseguição na antiga União Soviética e continua atuando na Ucrânia, acredita que os pastores estão sendo alvos por serem considerados ‘patriotas’, e por serem contrários às forças russas no país vizinho. Os evangélicos também são vistos como ‘espiões dos Estados Unidos e do Ocidente’ por parte da ocupação russa.

Diante deste contexto, várias iniciativas foram postas em prática para prover abrigo e refúgio a famílias ucranianas aqui no Brasil. Entre as organizações que atuam neste fronte está a Global Kingdom Partnership Network (GKPN), uma rede mundial com filiação de mais de 100 mil Igrejas, em 108 países. “A gente pode andar ou por conveniência, ou por convicção. E o evangelho me chama a andar por convicção, por isso precisamos agir. Os meus irmãos estavam sofrendo,” disse o pastor Elias Dantas, fundador da GKPN, em entrevista à CBN Campinas.

Ele também explicou que muitas famílias ucranianas vêm ao Brasil sem os esposos, já que eles estão lutando na guerra. A organização também se compromete a auxiliar na volta para a Ucrânia assim que a guerra terminar. Ou, dar os recursos para a família ficar no Brasil se essa for a sua decisão. Aqui, elas recebem moradia (casa individual para a família, ou seja, os refugiados não moram em casas compartilhadas com brasileiros), educação, vacinação, roupas e itens básicos, e auxílio para encontrarem empregos. Em total, cerca de 200 igrejas estão envolvidas no processo de recebimento de refugiados ucranianos através da GKPN.

Ações de igrejas no Brasil

Oito famílias foram recebidas pela Associação Batista de Ação Social (ABASC) no Paraná. “Eles chegaram muito assustados, me ponho no lugar, chegam com língua estranha, alimentação e cultura diferentes. Foi um momento de silêncio deles, percebemos realmente assustados”, contou Martha Zimermann de Morais, diretora-executiva da ABASC em entrevista à CNN. Chocolates com os dizeres “Sejam muito bem-vindos! Vocês são muito preciosos e amados. Sintam-se acolhidos!” foram distribuídos na chegada.

Famílias sendo recebidas no Brasil / Reprodução

A Igreja Família, de Sorocaba (SP), foi uma das que se comprometeu com essa causa. Ela recebeu 17 pessoas de várias famílias em total. Eles deram apoio às famílias durante um ano, até que, por decisão própria, elas voltaram a Ucrânia em março deste ano. Com documentação e apoio financiados pela igreja.

Outros grupos e igrejas, como a Igreja da Cidade em São José dos Campos e o Conselho de Missão Internacional também desempenharam serviços de recebimentos de refugiados aqui no Brasil.

A Guerra na Ucrânia permanece com poucas movimentações desde o início do inverno no final de 2022, o início de movimentações de uma contraofensiva ucraniana no sul. Não há expectativas para conclusão das negociações e do conflito.

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