Bonhoeffer foi um pastor conhecido pela resistência contra o Nazismo e por fazer parte da Igreja Confessante, que se recusava a seguir a Hitler. Conheça 9 fatos sobre a vida deste teólogo alemão:
- Nascido em Breslau, na Alemanha, no ano de 1906, juntamente com a sua irmã gêmea Sabine, Dietrich Bonhoeffer foi o sexto de oito filhos de Karl e Paula Bonhoeffer. Seu avô foi pastor na corte do kaiser alemão. E quando sua vó tinha 91 anos de idade, ela corajosamente desafiou guardas nazistas que queriam impedir que pessoas comprassem em uma loja judaica. Esses exemplos moldaram sua vida. O seu pai era neurocirurgião. E pouco depois da morte de seu irmão mais velho na Primeira Guerra Mundial, Dietrich anunciou a sua família que havia decidido se tornar pastor. Na época, ele tinha apenas 14 anos.
- Posteriormente, com a ascensão de Hitler no fim de janeiro de 1933, a Igreja Evangélica Alemã, a qual Bonhoeffer pertencia, entrou em uma fase difícil e delicada. Muitos protestantes alemães acolheram favoravelmente o advento do nazismo. Alguns até advogavam que os judeus não poderiam se tornar cristãos nem mesmo pelo batismo. E outros defendiam que só arianos deveriam ser ordenados ao ministério. Em contraposição, ao se perguntar “Quem é Cristo para nós hoje?”, Bonhoeffer afirmava que era justamente a humanidade de Jesus, o Deus encarnado, que o transforma na ‘pessoa pelos outros’ perfeita. E destacava o fato de que o Messias havia vindo através dos judeus. Ele dizia aos seus alunos que “a única esperança estava no bebê nascido de pais judeus, não casados, no afastado povoado de Belém”.
- Dietrich foi signatário, junto a outros pastores que se colocavam em oposição ao nazismo, da Declaração Teológica de Barmen, que criou a Igreja Confessante. A organização que não aceitava a influência nazista na igreja luterana alemã nem suas tentativas de criar uma teologia nacionalista. Entre outras coisas, a Igreja Confessante declarava que: “Face dos erros dos «cristãos alemães» da presente administração da Igreja do Reich(…) Rejeitamos a falsa doutrina de que a Igreja teria o dever de reconhecer – além e aparte da Palavra de Deus – ainda outros acontecimentos e poderes, personagens e verdades como fontes da sua pregação e como revelação divina. (…) Rejeitamos a falsa doutrina de que à Igreja seria permitido substituir a forma da sua mensagem e organização, a seu bel prazer ou de acordo com as respectivas convicções ideológicas e políticas reinantes. (…) Rejeitamos a falsa doutrina de que o Estado poderia ultrapassar a sua missão especifica, tornando-se uma diretriz única e totalitária da existência humana, podendo também cumprir desse modo, a missão confiada à Igreja. Rejeitamos a falsa doutrina de que a Igreja poderia e deveria, ultrapassando a sua missão específica, apropriar-se das características, dos deveres e das dignidades estatais, tornando-se assim, ela mesma, um órgão do Estado.”
- Em seu livro mais famoso, Discipulado, Bonhoeffer criticava o cristianismo conformista e a pregação da graça barata, que se omitia da entrega total a Cristo. Ele escreveu:“A graça barata é a pregação do perdão sem arrependimento do pecador, é batismo sem disciplina eclesiástica, é a comunhão sem a confissão de pecados, é a absolvição sem confissão pessoal. (…) A graça preciosa é o tesouro oculto no campo, pelo qual o ser humano vende feliz tudo o que possui; é a pérola preciosa pela qual o mercador oferece todos os seus bens; é o domínio do reino de Cristo, pelo qual o ser humano arranca o olho que o faz tropeçar; é o chamado de Jesus Cristo, pelo qual o discípulo deixa suas redes para atrás e o segue. (…) É preciosa sobretudo porque foi preciosa para Deus, porque custou a vida de seu Filho, e portanto não pode ser barato pra nós o que custou caro para Deus.”
- Bonhoeffer foi professor em um seminário clandestino em Finkenwalde, que tinha o objetivo de formar pastores para a Igreja Confessante. Em 1937, o seminário foi fechado. Mas Bonhoeffer continuou a pregar, até que chegou a ser proibido de falar em público pelo regime nazista em 1940. Durante seus anos de pastorado, ele viajava frequentemente para conferências teológicas pela Europa. E arriscava a sua vida, aproveitando para secretamente ajudar a judeus a fugirem do regime nazista.
- Em 1939, ele se aproximou de um grupo de resistência e conspiração contra Hitler, constituído entre outros pelo advogado Hans von Dohnanyi (seu cunhado), pelo almirante Wilhelm Canaris e pelo general Hans Oster. Ele permaneceu na resistência até abril de 1943. Quando o descobriram por seu papel no resgate de judeus.
- Bonhoeffer foi levado para a prisão de Tegel em Berlim, depois para o campo de concentração de Buchenwald e, por fim, para o de Flossenbürg, onde foi enforcado junto com outros conspiradores. Mesmo preso, ele continuou escrevendo. Suas cartas foram reunidas no livro Resistência e Submissão.
- Quando foi preso, Dietrich estava noivo há 3 meses da cientista da computação Maria von Wedemeyer. Ela o viu pela última vez rapidamente em setembro de 1944 na prisão de Tegel. Mas eles continuaram trocando cartas. Em uma delas, ela diz que: “ao redor da minha cama, com giz, eu tracei uma linha grande como a tua cela. Há uma mesa e uma cadeira, como imagino que seja contigo. Quando estou sentada ali, parece-me quase que estou junto de ti”. Maria faleceu em 1977.
- O médico do campo que o acompanhou em suas últimas horas afirmou que viu o pastor “ajoelhado e orando fervorosamente a Deus”. E acrescentou que, no local da execução, ele orou novamente antes de subir os últimos degraus “corajoso e sereno”. “Nos quase 50 anos em que trabalhei como médico, nunca vi um homem morrer tão entregue a vontade de Deus,” relatou ele. Bonhoeffer faleceu um mês antes da rendição da Alemanha, em 1945.
Seu livro mais famoso, ‘Discipulado’, se encontra a venda na Amazon.
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