C. S. Lewis: agente secreto na Segunda Guerra Mundial

C. S. Lewis é conhecido de diversas maneiras: Autor de literatura infantil. Professor de literatura medieval. Apologeta do cristianismo. Amigo pessoal de J. R. R. Tolkien. Mas uma das suas características menos conhecidas é de agente do governo britânico na Segunda Guerra Mundial. 

Para quem conhece a biografia de Lewis, não é surpresa que ele lutou no fronte ocidental durante a Primeira Guerra Mundial. Lá ele perdeu amigos, e fez promessas a um deles, as quais nunca deixou de cumprir. 

Entre a Primeira e a Segunda Guerra, ele conclui os estudos e se torna professor. Também conheceu Tolkien, autor de O Senhor dos Anéis, que é uma das peças fundamentais de sua conversão do ateísmo ao cristianismo. 

É neste contexto mais maduro quando ele começa a publicar várias de suas obras mais famosas, como a Trilogia Cósmica e A Abolição do homem

É já na Segunda Guerra, durante a Batalha da Inglaterra, que as participações dele nos esforços de guerra mais conhecidas por quem conhece a vida do autor acontecem. Ele, como intelectual leigo, sem ligação com a Igreja da Inglaterra, é chamado pela BBC para uma série de programas de rádio explicando o básico do cristianismo para uma população inglesa que estava sendo bombardeada dia e noite pela Blitzkrieg alemã. 

Mas há outra colaboração menos famosa do C. S. Lewis nos esforços de guerra. A pedido do governo, em 1940 ele fez uma missão como agente do Reino Unido na Segunda Guerra Mundial.

Acontece que naquele ano, o primeiro-ministro britânico Winston Churchill havia invadido a Islândia para assegurar a passagem de suprimentos no Atlântico Norte entre a Grã Bretanha e os Estados Unidos. Mas, diante de esforços de guerras em tantos locais, não tinha como garantir presença militar grande no país nórdico. 

Por este motivo, convidaram a C. S. Lewis para fazer uma série de transmissões de rádio exaltando a mitologia islandesa, a qual ele admirava muito e era estudioso há muito tempo, para aumentar o apoio popular à ocupação no país. A palestra recebeu o título de “O espírito nórdico na literatura inglesa” (The Norse Spirit in English Literature). Isso aconteceu logo no início da guerra, ainda antes do Lewis ser chamado pela BBC para as famosas palestras que se transformaram no livro ‘Cristianismo puro e simples’. 

Como todo o processo de convite e logística foram realizados permanecem um segredo da MI6, agência de inteligência do governo britânico. Poucas pessoas tinham as credenciais para uma operação como essas, talvez Tolkien seria uma delas. Mas Lewis tinha uma reputação em Oxford de conseguir atrair audiências que pode ter chamado a atenção da inteligência britânica naquele momento.

Pelo que parece, o comitê de transmissões de guerra não guardou registro, mas o Lewis comentou de forma indireta a seu amigo Arthur Graves o que aconteceu em uma carta. 

Na transmissão, ele falou de como a mitologia nórdica despertou sua imaginação quando tinha apenas 14 anos, e que por isso, se interessou em estudar a língua islandesa em Oxford. Após esses estudos, ele começou a elogiar a língua como uma das mais poéticas da terra. Na palestra, ele argumenta que gerações de escritores ingleses foram influenciados pela literatura nórdica, citando William Temple, William Morris, Charles Dickens, Shakespeare, Fielding e Thomas Grey. Por isso, os ingleses agora estariam pagando uma grande dívida que tinham com os islandeses ao não deixar que eles caíssem nas mãos da Alemanha nazista. 

Mais informações sobre o caso, infelizmente, são escassas. Mas mostram um lado de Lewis que é pouco conhecido. E que certamente podem ter ajudado na sua escolha pela BBC como porta voz da visão cristã de mundo durante os esforços de guerra. 

Com informações do Christianity Today

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