Quase 200 cristãos foram mortos na Nigéria durante o Natal

Segundo os últimos números divulgados, cerca de 198 pessoas foram mortas e mais de 500 foram feridas na Nigéria durante as celebrações de Natal deste ano. Os terroristas islâmicos fulanis entraram e atacaram cerca de 26 vilarejos no estado do Plateau, no centro do país, entrando em casas e igrejas.

Grace Godwin estava preparando a ceia de Natal quando seu esposo chegou falando de um ataque na vila vizinha e ordenando que a família se preparasse para fugir. Magit Macham arrastou seu irmão ferido a um local seguro e passou a noite esperando os ataques acabarem. E Rebecca Maska levou um tiro e passou três horas esperando por ajuda, enquanto seu filho teve sua mão decepada antes de conseguir escapar.

Esta onda de ataques se iniciou no dia 23 no condado de Bokkos, quando 16 pessoas perderam as vidas no vilarejo de Gwana. O ataque começou às 10 da noite, na hora local, segundo o pastor Danjuma Mandik. “Tínhamos acabado de orar quando ouvimos o som de tiros. Aqueles que fugiram escaparam, mas os que ficaram em suas casas morreram, disse ele.

“Não podemos dizer com certeza a causa, mas sabemos que as vítimas pertencem a um grupo étnico específico”, comentou Kassah, líder do condado.

Os ataques continuaram nos dias seguintes nos vilarejos de Makabat, Mbar, Tahore, Sanyang, Daress Mandar, Hurum, Danbukur, Maiyanga, NTV e Tudun Mazat.

De acordo com a ONG Aid to the Church in Need, enquanto os cristãos foram atacados, muçulmanos e suas propriedades não sofreram danos nas mesmas comunidades. “Muitas pessoas foram mortas à sangue frio como se fossem animais”, disse o presidente da Igreja Cristo às Nações a agência AFP, Timothy Nuwan.

O bispo Matthew Kukah, da diocese de Sokoto, pediu para que o recém eleito presidente tome providências. “Você não tem desculpas diante de Deus ou do povo da Nigéria. Nem Deus nem a história lhe perdoarão se você falhar”, falou.

Famílias se reúnem para enterrar seus parentes em vala comum no estado de Plateau.

O presidente eleito, Bola Tinubu, ordenou imediata mobilização das forças de alívio. Assim como a ação das forças de segurança para descobrir os responsáveis.

Em épocas de festas cristãs como o Natal e a Páscoa, esse tipo de ataques tende a aumentar, e em 2023 não foi diferente. Entretanto, esses números não são novidade no país africano, que contabiliza ao menos 2.500 fatalidades só neste ano.

De acordo com a ONG Portas Abertas, a Nigéria foi o país onde mais cristãos foram mortos por sua fé nos últimos anos. Apesar de que 49% da população segue o cristianismo no país de 190 milhões de habitantes.

A ONU estima que mais de 2 milhões de pessoas se mudaram dentro do país e quase 300 mil se tornaram refugiados em países vizinhos por causa da violência crescente na região central do país.

Também se calcula que entre 7 e 12 mil pessoas morreram por causa de sua fé desde 2015. Na raiz do conflito se encontra a questão de recursos naturais no país. Por causa da mudança climática, o norte nigeriano tem ficado cada vez mais desértico, forçando os camponeses a se mudarem para o sul. Além disso, a população está crescendo em alta velocidade, incentivando a competição pela propriedade de terras.

Testemunhos de ataques a comunidades cristãs, igrejas e líderes são cada vez mais frequentes, mesmo durante a pandemia do coronavírus. Em uma conferência de imprensa, o Arcebispo da Igreja Anglicana da Nigéria falou que “essas mortes acontecem especificamente em vilas cristãs…os governos não querem falar sobre isso, incluindo o governo nigeriano, e eles sempre querem explicar os conflitos em termos de luta de fazendeiros ou de classes.” Entretanto, um relatório britânico mostra que as comunidades cristãs são os principais alvos dos conflitos no centro do país.

Em laranja, as áreas mais aonde o grupo terrorista Boko Haram é mais ativo.

Para os sobreviventes, tudo isso faz parte de uma campanha de perseguição massiva que já dura anos.

Segundo o líder da ONG Release Internacional, que observa casos de violação de liberdade religiosa no mundo, o governo nigeriano parece fechar os olhos para estes eventos. “Recebemos relatos assim quase diariamente. Muitos não são sequer reportados pela mídia ou pelo governo. Um senso de indignação está crescendo entre muitos nigerianos que temem a falta de ação do governo contra os terroristas.”

Continuemos orando pela população cristã no país mais populoso da África e num dos países mais populosos do mundo.

Até o momento, o Brasil não se pronunciou sobre o assunto.

Com informações de Barnabas FundRelease International, Catholic News Agency, Truth Nigeria, Portas Abertas e ONU.

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