C. S. Lewis e a pegadinha da muralha de livros

Walter Hooper, um dos amigos pessoais de Lewis, descreveu um episódio curioso da vida do autor de Nárnia no prefácio do livro ‘O peso da glória’.

Em agosto, Lewis ditou uma carta anunciando seu desligamento de Cambridge. Então, no final do mês, deixei Alec cuidando de Lewis e fui com o enteado deste, Douglas Gresham, a Cambridge para finalizar as questões pendentes e trazer para casa muitos dos seus aproximadamente dois mil livros de suas salas de trabalho no Magdalene College. Feito isso, alugamos um caminhão para transportar os livros e voltarmos a Oxford. Ao longo de todo o caminho, eu pensava em como acomodaria os livros numa casa já abarrotada deles, mas Lewis já havia feito seus planos.

Alec ocupava o espaço que era chamado de “sala de música” – uma grande sala vazia no andar térreo da casa, exceto por uma cama num dos seus cantos. Depois de passar a noite toda acordado, Alec foi dormir assim que chegamos. Enquanto o caminhão entrava, Lewis nos pediu para não fazer barulho. “Onde colocaremos os livros?”, sussurrei. Lewis respondeu com uma piscadela. Com muito cuidado para não acordar Alec, passamos mais ou menos uma hora carregando os livros até a “sala de música”, onde os empilhamos ao redor da cama do enfermeiro. Ele ainda roncava quando os últimos foram depositados na grande muralha de livros, que quase chegava ao teto e preenchia praticamente todo o espaço da sala.

Perto da hora em que o enfermeiro geralmente acordava, Lewis e eu esperávamos do lado de fora para ver sua reação. E então aconteceu. Alec acordou e quando viu que estava cercado de livros de todos os lados gritou a plenos pulmões. De repente, parte da grande muralha de livros tombou e um corpo saiu cambaleando de dentro dela. Mais tarde, na hora dos drinques, Alec declarou que esta tinha sido a melhor pegadinha que já tinha visto.


Às vezes pensamos nos autores que admiramos como pessoas duras, sérias e fechadas dentro do mundo intelectual. Nada era mais diferente do que sabemos sobre C. S. Lewis. Ele era uma pessoa que normalmente gostava de brincar muito, fazia pegadinhas com seu amigo J. R. R. Tolkien, e escreveu um livro onde se descreve como alguém que foi ‘Surpreendido pela Alegria’. Temos muito a aprender com o bom humor dele.

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