Greta Gerwig: quem é a diretora feminista que chega ao mundo de Nárnia

Greta Gerwig, diretora escolhida para pelo menos dois filmes de Nárnia pela Netflix, se tornou um fenômeno cultural que tem redefinido a paisagem de Hollywood desde o sucesso de Barbie, que foi a maior bilheteria do ano de 2023, tendo dado a ela o título de mulher do ano pela revista Time. Entretanto, sua visão única sobre o papel, ou os papeis, da mulher não se iniciaram com a película lançada ano passado, e Gerwig tem explorado a complexidade da experiência feminina em seus filmes desde o início de sua carreira.

Esta ligação da diretora com correntes de pensamento mais progressista tem preocupado os fãs de Nárnia, que em sua maioria entendem corretamente a obra de C. S. Lewis como profundamente cristã, e por isso, incompatível com certas pautas defendidas pelo feminismo. 

Greta Gerwig e a exploração de temas femininos

Desde seus primeiros trabalhos como roteirista e atriz, Gerwig demonstrava interesse em retratar a vida de mulheres jovens e suas jornadas de autodescoberta. Filmes como “Frances Ha” e “Mistress America” exploram temas como amizade feminina, ambição e as dificuldades de se encontrar um lugar no mundo.

A transição de Gerwig para a direção foi marcada também pelo sucesso, mas sem perder esta tônica. “Lady Bird”, sua estreia solo na direção, foi um filme aclamado pela crítica e pelo público, conquistando indicações ao Oscar e consolidando-a como uma das vozes mais importantes do cinema contemporâneo. A história retrata a relação complexa entre uma mãe e sua filha, além de abordar temas como identidade, amadurecimento e a busca por independência, incorporando certos temas religiosos também.

Com “Adoráveis Mulheres”, Gerwig revisitou o clássico da literatura “Mulherzinhas” e buscou oferecer uma perspectiva fresca e moderna sobre a história das irmãs March, dando um final mais ambíguo do que o livro, justamente para ‘atualizar’ a sua mensagem para o público atual. 

E mais recentemente, a expectativa em torno do filme “Barbie”, demonstrou o impacto e a influência que ela conquistou. A escolha de uma diretora conhecida por seu olhar feminista para dirigir um filme sobre a icônica boneca gerou curiosidade e antecipação que se confirmou na bilheteria. Se tornando um dos poucos filmes pós-pandemia que tenham conseguido levar o público em peso ao cinema, o que confirma a confiança de Hollywood nela. 

Mas, o que isso significa para os próximos filmes de Nárnia? 

Greta Gerwig e Nárnia

“Os livros de Nárnia de C. S. Lewis são algo que eu amo desde que era criança. Diria que os meus dois livros de infância foram Mulherzinhas e Nárnia. Então fiquei imediatamente animada, mas também senti um terror instantâneo que vem de tentar enfrentar algo que me fez ser quem eu sou. […] Quero que a adaptação seja sentida como mágica,” disse ela em entrevista.

Destacar que ela tem a Nárnia como livro de cabeceira e que tem se preocupado com a qualidade do trabalho tem sido uma tônica que ela tem tomado em várias entrevistas, chegando a dizer que a escrita do projeto tinha sido motivo de pesadelos

Ela também disse que começou a trabalhar no roteiro de sua adaptação de Nárnia bem antes do que foi noticiado.

“Escrevi um rascunho para Nárnia bem antes de colocar o pé no set de Barbie. Sabendo que eu daria o pontapé para Nárnia e queria voltar depois foi algo que precisei me preparar psicologicamente,” ela disse.

E acrescentou que está tentando compreender as influências de Lewis ao escrever a obra e sua qualidade de ‘sonho eufórico’. 

“Está conectado com o folclore e as histórias de conto de fadas da Inglaterra, mas é uma combinação de diferentes tradições. Quando você é criança, você aceita aquilo tudo: que você está em Nárnia, que existem faunos e também o Papai Noel aparece. Você nem percebe que aquilo não é sistemático. Estou interessada em abraçar o paradoxo dos mundos que o Lewis criou, porque isso é o que faz deles tão interessantes,” complementou.

Conclusão

Tudo isso, entretanto, não significa que neste projeto ela vá abandonar os seus ideais e deixar de passar as suas mensagens através da adaptação, como ela fez anteriormente com “Adoráveis Mulheres”. Mesmo assim, a percepção de que o público se importa com o conteúdo cristão da saga fez com que o CEO da Netflix afirmasse que as futuras adaptações serão profundamente enraizadas na fé. “Não será contrária a como o público imaginou este mundo, mas será ainda maior e mais ousada do que pensaram,” acrescentou ele. 

A palavra ‘ousada’, neste contexto, foi mais um motivo de debate entre os fãs dos livros. 

Entretanto, com as filmagens devendo iniciar nos próximos meses, não deve demorar muito para sabermos qual visão a Greta trará a Nárnia e qual o grau de fidelidade ela terá com o material original. 

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